Investimento visa impulsionar o ecossistema de negócios de impacto no país e contribuir para o desenvolvimento econômico sustentável no Brasil
Reportagem: Vale
Publicado em Valor Econômico
Buscando fomentar a bioeconomia e o desenvolvimento de negócios sustentáveis no país, o Fundo Vale vai apoiar o desenvolvimento de cinco empreendimentos de impacto socioambiental para recuperação de uma área de até cinco mil hectares neste ano. O foco será a implementação de Sistemas Agroflorestais (SAFs), que são sistemas e tecnologias de manejo do solo em que se combinam espécies arbóreas com cultivos agrícolas e/ou criação animal onde é possível estimular um uso mais sustentável da terra, recuperando áreas e gerando renda e benefícios sociais.
Com isso, as start-ups agroflorestais Belterra, Caaporã, Bionergia, Inocas e Regenera, que desenvolvem negócios relacionados à cadeias do cacau, mandioca, açaí, baru, banana, pupunha e macaúba em arranjos de SAFs biodiversos, sistemas silivpastoris, silvicultura e fruticultura orgânica, receberão apoio de parceiros do Fundo Vale para a estruturação de seus planos de aceleração de negócios e a articulação junto a novos investidores e parceiros comerciais. Os aportes financeiros de 2020 e 2021 são na ordem de R$ 100 milhões para a estruturação e alavancagem
dos negócios.
"A iniciativa visa apoiar a consolidação de negócios de impacto socioambiental que sejam financeiramente viáveis no longo prazo, otimizando o portfólio de negócios do Fundo Vale para alcançar a recuperação de 100 mil hectares de áreas degradadas que compõe um compromisso florestal voluntário até 2030", afirma Juliana Vilhena, responsável por Gestão de Impacto e Inovação Socioambiental do Fundo Vale.
Para identificar as start-ups que fariam parte do portfolio, em 2020 foi feito um grande estudo do setor que mapeou quase 60 iniciativas com potencial de escala nesse modelo. De forma complementar, foi lançado o Desafio Agroflorestal, em parceria com a aceleradora TroposLab, uma chamada de negócios e ideias que buscou soluções inovadoras para enfrentar os desafios da implementação de SAFs.
Das seis start-ups aceleradas no Desafio, uma delas entrou para o portfólio: a Inocas, uma start-up de origem alemã sediada em Patos de Minas que desenvolve projetos ligados à cadeia produtiva da macaúba, uma palmeira nativa do cerrado brasileiro tida como alternativa sustentável para a produção de óleos vegetais em áreas de pastagens degradadas no cerrado.
A empresa atua desde a produção das mudas, passando pelo cultivo e colheita dos frutos em parceria com os produtores locais, até a industrialização e desenvolvimento de novos produtos a partir da macaúba. O projeto já conta com 188 agricultores familiares parceiros, que recebem treinamento e assistência técnica para o plantio em 762 hectares.
Nova abordagem para recuperação das áreas
A iniciativa tem como objetivo criar um ambiente de negócios para a recuperação em larga escala e promover: assistência técnica, articulação comunitária, soluções inovadoras de financiamento da produção; viabilização de comercialização dos produtos, inteligência de mercado, articulação com investidores e potenciais compradores (off takers) e facilitar o acesso ao mercado de crédito de carbono pelos agricultores rurais. Para alcançar esse objetivo, têm sido testados modelos de
contratos de parcerias com pequenos e médios produtores, além de terras próprias dos negócios.
"Assumimos o desafio de propor uma nova abordagem para a recuperação de áreas degradadas por meio de iniciativas inovadoras que combinam arranjos de cadeias produtivas sustentáveis e investimento de impacto, contribuindo assim para uma economia de baixo carbono", explica Gustavo Luz, Gerente do Fundo Vale & Participações.
A ambição de recuperar áreas degradadas por meio de negócios de impacto promoveu alianças e parcerias estratégicas tendo a Palladium como responsável pelo mapeamento de oportunidades e organização de portfólio de investimento, o Imaflora na execução do processo de due-dilligence de salvaguardas socioambientais com a verificação dos negócios em campo, além de articulação com o Instituto Tecnológico Vale (ITV) e a Reserva Natural Vale (RNV) responsável pelo
acompanhamento técnico das atividades.
Conforme Bia Marchiori, Engenheira Agrônoma da RNV, “quando oferecemos alternativas, como um sistema agroflorestal, você dá oportunidade de gerar renda a partir da conservação e viabiliza um sistema mais sustentável. Fica mais fácil convencer um produtor a manter a floresta em pé”.
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